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sábado, 26 de maio de 2012

Nos meus sonhos

Chegou em casa, largou suas coisas por cima da cama. Estava cansado, mas o sorriso estampado em seu rosto o fazia esquecer. Por que estivera, ultimamente, tão animado? Faminto, passara a manhã inteira de jejum. Comeu algumas frutas que encontrou pela frente, e não parava de pensar sobre. Seria perigoso levar à diante? Demais. Conseguiria controlar-se? Impossível. Precisava de uma solução.  Estava, aos poucos, entregando-se ao vício. O telefone permanecia sobre a mesa. Esperava receber uma ligação, mas sabia que não receberia. Procurou algo para se ocupar. Não encontrava mais nada. Resolvera organizar os papéis que tinha jogado aos cantos. Quantas memórias aquelas folhas traziam... A saudade apertava o seu peito. Por fim, encontrara o papel que mais lhe prendeu a atenção. Era uma carta dela. Suas palavras, tão doces, o emocionava. Queria tê-la por perto. Precisava dela. Será que ela também precisava? Enquanto lia as muitas linhas que lhe foram destinadas, algumas lágrimas rolavam pela face. Seriam lágrimas de tristeza? Certamente não. Seriam de saudade, de desejo. As suas cartas, os seus bilhetes eram intrigantes. Ela, e só ela, tinha a habilidade de envolver o leitor. Resolvera ligar. Seu coração palpitava, emocionado, enquanto aguardava resposta. Finalmente, ouve-se o 'alô'. O que dizer? "Sabe, tenho identificador de chamadas, e sei bem que é... Afinal, ia ligar-te. Já estava com saudade." a voz meiga dizia-lhe. "Por que hesitou, então?" perguntou-a. "Estive ocupada, desculpe. Não pense que me esqueci. Ao contrário! Lembro-me a cada instante!" Ouvir tais palavras o confortou. Talvez ela realmente precisasse dele.      "Ligou-me para ouvir a minha voz? Que romântico! Apaixono-me mais e mais!" disse, soltando uma risada melódica. "Liguei para dizer que já não penso em mais nada..." sussurrou-lhe, em resposta. "Confesso que nem eu. Passo o dia pensando em nós, em como queria estar ao teu lado. Nos nossos encontros, sussurro às estrelas, peço que te façam ficar por mais um tempo." Fez-se silêncio. Ela, então, retomou: "Eu tenho rido mais, sabia? Tenho estado menos estressada... E todos perguntam pelo motivo de minha euforia. Não os respondo, já não é da conta deles...”. Conversaram por mais um pouco, mas eles tiveram de desligar. As palavras da moça ficaram ecoando em sua mente, a euforia crescia dentro de si. Já não havia mais motivo para deixar de pensar nela. À noite, quando ia deitar-se, pensou nos belos olhos castanhos, no sorriso travesso, nas curvas harmônicas,  na voz suave que o fazia delirar. Pensou nela e sussurrou "Eu te amo". Em resposta, a moça visitou os seus sonhos.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Em meio às nossas ausências, amo-te.

O sorriso iluminava os seus olhos. Ela, com o seu jeitinho mais irônico, encarava-me inocentemente maliciosa. Mas ambos estávamos ali, podíamos sentir. “Pergunte-me agora como sinto e não te responderei com palavras.” murmurou ela. “As palavras se fazem vazias quando dirigidas a ti.” em resposta eu dizia-lhe. E por algum tempo, as tardes se resumiam a isso, somente pela presença agradabilíssima daquela mulher tão gloriosa. Ríamos, conversávamos. Via que minha presença era tão deleitosa quanto a dela me era. Mas havia algo diferente, algo de extrema importância, imperceptivelmente agonizante. Perguntava-lhe o que havia, mas com uma resposta seca e ríspida, calava-me de imediato. A ironia intrínseca tornava-a a mais divina dos anjos. Cansado de preocupar-me à toa com esta mulher, passei a encontrá-la com pouca frequência. “Abandonaste-me, Miguel?” perguntou-me ela, assim que me viu aproximar. Não há palavras que expliquem, ou que ao menos tentem, o que se passara na minha cabeça. Talvez uma única expresse vagamente: indignação. “Talvez, Lorena.” “Ué, mas o que eu te fiz de tão grave? A ponto de privar-me da tua companhia? Esta é a pior das piores punições a mim já dadas!” Apesar da fala, sentia no olhar inquieto as mentiras em mim despejadas. “Diga-me o que eu te fiz! Para merecer essa tua atuação, essas palavras frias e insignificantes. Diga-me, eu pedirei perdão. E então pare, não precisarás mais fingir.” Lorena desviava o olhar, distante. De sua boca nada saía. “Digo-te que as tuas palavras foram cruéis. Mas não me é surpresa, estou acostumada há um tempo.” “Apenas responda-me, Lorena. Não sejas evasiva!” “Então deixe de ser um tolo e preste atenção ao teu redor, Miguel. Veja a harmonia da natureza. Cada elemento se complementa. E assim, formam um todo.” “Dizes, então, que não nos complementamos?” “Deixa de tolice, já te disse!” “Não entendo. Não posso assumir como motivo da tua frieza…” “Deixe-me terminar, então. Enfim, para um todo há a combinação da beleza única de cada. E antes que me interrompa, já que não posso ser poética, vou direto ao ponto: as minhas tardes faziam-se apenas da tua agradável companhia. Mas tu te tornaste um vício para mim, um vício que sustentava com prazer. E então, as tardes faziam-se do teu sorriso para o meu. Desculpe-me se lhe fui grosseira, ou fria, como disseste, mas não consegui sustentar este vício…” “Ainda não te entendo, mulher…” “No início, não me achava digna de qualquer sentimento por ti. Ao te comparar, comparo-te com um anjo, o meu anjo. Algo tão puro não deveria ser desviado do seu caminho divino.” “Esquece dessas insignificâncias…” já sentia cada célula do meu corpo clamando pelo seu calor. Perdoara aquela mulher que me provoca enlouquecidamente, que me tem preso aos seus pés, e vi suas asas ressurgirem de algum ponto além da escuridão dos seus caprichos. “Falta pouco, agora! Deixe-me terminar!” Lancei um sorriso tímido, e derreti-me quando retribuído tão calorosamente. “Enfim, imaginei que me evitaria, mas nunca deixei de vir aqui, onde sempre nos encontrávamos, na esperança de encontrar-te. Agora, admito, mesmo não digna, necessito. A tua luz é a única que me brilha, Miguel. O meu pensamento sempre está em teu. Já não posso ausentar-me e a melancolia me toma por inteira. Portanto, peço-lhe que me perdoe por tudo que te fiz que um dia te magoou, nunca foi a minha intenção! Se fores capaz de me perdoar, peço-lhe que me aceite para passar o resto dos meus dias ao teu lado!” Este último pedido me comoveu. Como podia recusar, vindo da mulher mais bela, da mulher que realmente amo? “Sejas, então, minha e só minha!”