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sábado, 31 de março de 2012

Meu último adeus

‘Queria ter alguém para conversar’. ‘Mas tu tens’. ‘Queria ter alguém que me ouvisse’. ‘Mas tu tens, e sabes disso’. E essa era a minha conversa. Não conseguia mais encontrar o meu lugar. Sei que errei, me arrependo, mas mesmo que quisesse não tenho como mudar. Algumas coisas não tem explicação. É assim. Se ao menos se dessem ao trabalho de me entender… “Pode falar, não te preocupes.” Mas no momento em que abro a boca, que começo a contar, sinto aquele olhar de reprovação, e uma voz de repúdio me interromper, dizendo: “Pode parar por aí. Temo que precises de alguém mais especializado para te ouvir.” E assim, me viravam as costas, julgando-me pelo olhar. Não havia ninguém que me compreendesse, que pudesse ver pela minha visão. Os dias amanheciam frios e assim se acabavam, pelo menos pra mim. A culpa me corroía por dentro, mas não podia permitir que isso se mostrasse. Sempre fui forte, não podia desmoronar, não agora. Se o fizesse, tudo pelo que lutei para desperceberem viria à tona. Simplesmente não podia. À noite, não conseguia dormir. Pesadelos me atordoavam. “Tem certeza de que prefere continuar vivendo assim? Depois de tudo que fizeste? Depois de até mesmo me matar?” Impossível continuar dormindo depois disso. Sabia tudo que eu, um dia, fizera. Eu sabia, ele sabia, e continuava me atormentando assim. Preferia voltar no tempo, não ter feito tudo aquilo. Mas se eu não fizesse, quem o faria? As pessoas na rua me olhavam com nojo, mas o que me fascinava era essa mania do ser humano de julgar sem antes ver as versões mais plausíveis da história, até chegar à verdadeira. Todos desconheciam o sofrimento pelo o qual eu passava, só percebiam a minha culpa. E ainda, tão somente aqueles que realmente me conheciam desconfiavam desta maldita culpa. Para os outros, eu era apenas uma assassina. Uma das mais espertas, sem deixar um rastro do meu crime perfeito. Foi em um dos meus devaneios que pus fim em toda essa história. Fui até o lago onde costumávamos sempre ir, sentei-me à beirada e comecei a lembrar. Pedro estava sentado ao meu lado, fitando-me com seus lindos olhos verde, sorrindo. De repente, sua fisionomia gelou, e até o timbre da sua voz mudou. Ficou balançando nas pontas dos pés, próximo ao lago. “Afaste-se daí!” Eu lhe dizia. “Por que deveria?” “Porque podes cair. Até matar-se.” “A vida acabaria com estilo. Estaria aqui contigo. Não podia desejar fim melhor.” “Não digas isso! Nunca!” aproximei-me dele e tomei uma de suas mãos. Mas, como que num segundo, tudo aconteceu tão depressa. Pedro perdeu o equilíbrio, e eu tive que segurá-lo com todas as minhas forças. “Solte-me” ele pedia. Quanto mais ele insistia, mais eu relutava em afrouxar o aperto. Mas Pedro era muito mais forte do que eu, e assim ele se atirou no lago. “Pedro! Tu não sabes nadar! Volte!” eu implorava. Ele nem parecia me dar atenção. E com um sorriso nos lábios, Pedro afundara no lago. A Lua nascia no horizonte quando me dei por conta. Levantei-me e parti. Mas não fui direto para casa. Tinha uma parada, antes. E então, só depois poderia ir para casa. Para a minha verdadeira casa. Cheguei à beira de um penhasco, o qual eu sempre visitava depois da morte de Pedro. “Espere-me, Pedro. Logo estarei chegando em casa. Na verdadeira casa. Nossa casa. Ao teu lado.” E com um último suspiro, atirei-me ao encontro do meu único amor.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Um novo amanhecer, um novo dia, uma nova vida

O dia amanheceu perfeito para ele. O ar gélido arrepiava os pelos do seu corpo, e o calor do Sol o englobava num abraço. Olhou de relance para a cama em que dormira e lá estava ela, como o mais belo anjo, descansando tranquilamente. Arrumou-se e partiu, não devia levar isso adiante. Ao sair, lançou um último olhar para a mulher que talvez mudasse tudo. As horas seguintes voaram, um único pensamento, uma única visão, uma única lembrança: ela. Há quem diga que ele, Thomas, é um mulherengo, que conquista todas as mulheres que cruzam o seu caminho, para no dia seguinte sumir logo cedo e nunca mais dar notícia. Da segunda parte ele não discordava, agia assim. No entanto, ninguém o entendia. Ele já foi feliz ao lado de alguém, já amou, mas sofreu demais. Ela o magoou, e, então, nunca mais se ouviu falar dela. A solução que Thomas encontrou foi se esconder, criar um novo alguém, não se permitir sofrer. Porém o caminho para isso foi não se apegar. As mulheres que acabava conquistando se entregavam à paixão, assim ele só aproveitava. Mas foi naquela semana que as coisas começaram a mudar. Esta mulher tem um quê de mistério, veneno no sorriso, malícia nos olhos e movimentos espetaculares. Ele não sabia ao certo o que lhe chamou a atenção. Talvez tenha sido esta mulher como um todo, um desafio. O problema seria em se aproximar. Tem medo de quê, Thomas? Exato, não tens medo de nada. Nem medo, nem problema. O sorriso, o cheiro, as curvas desta mulher eram indescritíveis. No primeiro dia tudo ocorreu bem, ele a fez rir, agradou-a. Pode ver o brilho em seus olhos. Conheceram-se melhor. Helena tinha uma personalidade forte. Determinada e querida por todos. Não há alma que contrarie esta mulher. E no fundo ele já sabia no que isso ia dar. Passaram-se dias, e em todos, os dois se encontraram. Línguas venenosas já diziam “pobre mulher” quando Helena passava. Mas, graciosamente, ela jogava seus cabelos castanhos por sobre o ombro, lançava um olhar indiferente e voltava a sorrir, atraindo a atenção de todos. Ele estava gostando desta mulher. Ela não era como as que ele já havia conquistado antes. Ela faz a conquista longa e difícil, faz valer a pena. Até que um dia acordou ao lado da mulher que despertava um novo Thomas. Ele levantou, incrédulo, arrumou-se e partiu. Mas no fim do dia foi para lá que voltou, para o lado da mulher que o conquistou e que o ajudou a amar novamente. Aquele dia amanheceu para tudo ser diferente.