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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Quando a história acaba de começar

“Diga-me o que te aflige.” dizia ela. “Pelos céus, não há nada, guria! Deixe-me quieta no meu canto!” As duas discutiam, indignadas. “Não é para isso que as amigas servem?” perguntava Eliza. “Não, amigas servem para consolar e não para atormentar!” grunhia, em resposta, Lara. “E o que eu estou tentando fazer?” “Estás tentando me irritar ainda mais. Não percebe? Deixar-me quietinha aqui é o melhor consolo que tu tens a me oferecer!” Eliza, ofendida com as palavras secas que lhe foram cuspidas, afastou-se. “Veja bem o que dizes. Não te arrependa depois.” Lara viu-a sair, lenta e decididamente, pela porta. Suspirou e atirou-se na cama.

Ligou o rádio, colocou sua lista de música favorita, fechou os olhos e tentou dormir. Não conseguiu dormir, estava agitada demais, sua cabeça latejava, o coração palpitava. Fechava os olhos novamente, mas logo tornava a abri-los. Tantas coisas embaralhadas em sua cabeça… Além do cabelo, é claro. Os pensamentos invadiam o seu espaço num turbilhão lançado a jato. A semana começara tão bem, por que acabou daquele jeito? O que estaria ela fazendo? O caminho não deveria ser esse. Mas agora não poderia mais voltar ou olhar para trás. Era apenas uma mudança. Não morreria, mas não significava que às vezes não teria vontade de desistir.

‘Se te faz bem, por que não persistir?’ esse era o seu lema. O único problema eram as pequenas confusões que aconteciam dentro de si mesma. Os conflitos, as pressões, o desespero que agora tem de superar. Seria difícil? Provavelmente. Desistiria? Agora não. Chegou tão longe, não podia parar agora. Afinal, era uma admiradora de desafios. Ela transpôs todo e qualquer obstáculo até agora. Nesse ritmo continuaria. ‘O que é conquistado tão facilmente não me tem valor, é praticamente dado. As minhas batalhas são importantes, as minhas conquistas têm muito mais valor. ’ pensava Lara. Persistiria, afinal era uma batalha que não poderia deixar de lutar.

“O que tu faria se eu te dissesse pra me esquecer?” perguntou Gabriel. Lara, num sobressalto, olhou-o analisando a essência da pergunta. “Simplesmente te esqueceria.” “Não ficaria abalada, triste, magoada, algo do gênero?” perguntou ele. “Isso tu nunca saberias…” Gabriel desviou o olhar, evitando o de Lara. “Por que essa pergunta repentina?” perguntou Lara. “Só não quero te perder.” “Lógico…” sussurrou ela, numa ironia deleitosa. O que Gabriel não sabia era que Lara ficaria devastada, desesperada, mas ela não deixaria ninguém saber. Guardaria tudo, mesmo que não fosse o melhor a se fazer. Devastada, mas ainda continuaria seu caminho.

Lara acordou-se do sono, não percebeu que adormecera. Sua cabeça ainda latejava, mas o desconforto era menos intenso. Vestiu-se e saiu. Não pensava em nada, só em parecer que estava bem, para não atrair curiosos na reunião. Encontrou, inevitavelmente, o Gabriel que compareceria na reunião também. Agora já não se falavam mais. O que aconteceu já se pode imaginar. Forçando um sorriso amigável, os dois cumprimentaram-se e entraram no recinto. Ambos evitavam trocar olhares, mas Gabriel observou que Lara parecia estressada, deprimida. Lara, por sua vez, notou que Gabriel estava menos falante. Já não se conheciam mais. E por um instante ela viu de relance um sorriso tímido. Por um instante voltou ao passado. Foi nesse instante que também sorriu. Ainda foi tudo o que ela não esqueceu. Tudo o que eles não esqueceram.