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sábado, 23 de junho de 2012

Embora distante, o atalho levará a novos limites

Olhou para os lados. Sentia fome, sentia frio, sentia, mas tão somente isso. Estava sozinha, estava numa crise. Fizera a escolha certa? De um lado, sabia que não. Ainda pensava nele, desejava-o para si. De outro, sabia que sim. Não se condenaria a alguém que brincava para sentir-se bem, fizera uma troca justa. As vozes em sua cabeça não a deixavam dormir. Se voltasse atrás, conseguiria descansar? Deitou-se atordoada e custou a sonhar.

Sonhar? Já não sonhava mais. Suas lágrimas, já secas, se empoeiravam rolando a sua face. Lamentava cada vez mais. Alguém a tiraria do limbo em que se afogava? Claro que sim. Mas, por este, queria mesmo ser resgatada? Não queria mais pensar nisso, não precisava mais. A solução era arrumar algo para fazer, ocupar-se, distrair-se. Contar as estrelas se fosse preciso. Levar a eternidade, acabar com essa maldita ansiedade!

Determinada a esquecer, resolveu agir. Olhou a sua volta: as papeis jogados sobre a escrivaninha, pratos sujos na pia, migalhas sobre a mesa, móveis empoeirados, chão sujo. Era uma bagunça total. Pegou suas luvas, a vassoura e os produtos de limpeza. Seria um trabalho árduo. Preferiu começar pela louça. Lavou prato por prato, calmamente. Não pensava em mais nada além da sujeirinha que não tirara completamente, ou do prato mal enxugado.

Em seguida, organizou sua escrivaninha. Os papeis inúteis jogou fora. Por entre os que ficaram, encontrou um pequeno bilhete: ‘como posso te convencer? O que sinto é verdadeiro. ’ Paralisou por um instante. Memórias voltam repentinamente. Sente seu cheiro, o seu toque. Estremece e pensamentos tornam-se verbalizados. Lamentável, sussurra. Tira o pó, coloca em tudo em ordem. Está na hora de dar um passo a frente.

Parte para o chão. Varre cuidadosamente, cantarolando para se esquecer. A sala fica impecável. O próximo passo foi o chão da cozinha. O chão era de lajotas claras, e quando sujo não se enxergava nada além da espessa sujeira. Ajoelhou-se e começou a esfregar. Por entre as pausas, acabava por pensar. Pensava nele, na falta que fazia. Pensava também no outro, no sorriso que para ela ele abria. O que fazer era difícil de decidir. Queria tê-lo de volta, mas para isso acabaria magoando o outro. Não queria vê-lo sofrer.

Além disso, nem tinha certeza se seria aceita de volta. Estava diante de uma bifurcação, com destinos incertos. Já conseguia enxergar por detrás da sujeira. Olhou para os lados, tudo limpo, tudo tão mais claro, tudo mais leve. De repente, teve a solução de que precisava. Sem hesitar foi ao quarto, separou o necessário por algum tempo. Fechou toda a casa. Ao fechar a porta, olha para os lados, sentindo-se estranha. Ao sair em definitivo, olha para trás e suspira profundamente. Estava fazendo um atalho para, talvez, chegar a algum dos destinos. Ou, então, para criar o seu próprio. Mas isso o tempo determina.

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