Bem-vindo!

Seja muito bem-vindo ao meu blog.

Quem sou eu

Minha foto
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil
Let me out Don't tell me everything Start it out Like any other day Must have gave the wrong impression Don't you understand where I belong? Well I'm not the one (Carry me home - The Killers)

sábado, 31 de março de 2012

Meu último adeus

‘Queria ter alguém para conversar’. ‘Mas tu tens’. ‘Queria ter alguém que me ouvisse’. ‘Mas tu tens, e sabes disso’. E essa era a minha conversa. Não conseguia mais encontrar o meu lugar. Sei que errei, me arrependo, mas mesmo que quisesse não tenho como mudar. Algumas coisas não tem explicação. É assim. Se ao menos se dessem ao trabalho de me entender… “Pode falar, não te preocupes.” Mas no momento em que abro a boca, que começo a contar, sinto aquele olhar de reprovação, e uma voz de repúdio me interromper, dizendo: “Pode parar por aí. Temo que precises de alguém mais especializado para te ouvir.” E assim, me viravam as costas, julgando-me pelo olhar. Não havia ninguém que me compreendesse, que pudesse ver pela minha visão. Os dias amanheciam frios e assim se acabavam, pelo menos pra mim. A culpa me corroía por dentro, mas não podia permitir que isso se mostrasse. Sempre fui forte, não podia desmoronar, não agora. Se o fizesse, tudo pelo que lutei para desperceberem viria à tona. Simplesmente não podia. À noite, não conseguia dormir. Pesadelos me atordoavam. “Tem certeza de que prefere continuar vivendo assim? Depois de tudo que fizeste? Depois de até mesmo me matar?” Impossível continuar dormindo depois disso. Sabia tudo que eu, um dia, fizera. Eu sabia, ele sabia, e continuava me atormentando assim. Preferia voltar no tempo, não ter feito tudo aquilo. Mas se eu não fizesse, quem o faria? As pessoas na rua me olhavam com nojo, mas o que me fascinava era essa mania do ser humano de julgar sem antes ver as versões mais plausíveis da história, até chegar à verdadeira. Todos desconheciam o sofrimento pelo o qual eu passava, só percebiam a minha culpa. E ainda, tão somente aqueles que realmente me conheciam desconfiavam desta maldita culpa. Para os outros, eu era apenas uma assassina. Uma das mais espertas, sem deixar um rastro do meu crime perfeito. Foi em um dos meus devaneios que pus fim em toda essa história. Fui até o lago onde costumávamos sempre ir, sentei-me à beirada e comecei a lembrar. Pedro estava sentado ao meu lado, fitando-me com seus lindos olhos verde, sorrindo. De repente, sua fisionomia gelou, e até o timbre da sua voz mudou. Ficou balançando nas pontas dos pés, próximo ao lago. “Afaste-se daí!” Eu lhe dizia. “Por que deveria?” “Porque podes cair. Até matar-se.” “A vida acabaria com estilo. Estaria aqui contigo. Não podia desejar fim melhor.” “Não digas isso! Nunca!” aproximei-me dele e tomei uma de suas mãos. Mas, como que num segundo, tudo aconteceu tão depressa. Pedro perdeu o equilíbrio, e eu tive que segurá-lo com todas as minhas forças. “Solte-me” ele pedia. Quanto mais ele insistia, mais eu relutava em afrouxar o aperto. Mas Pedro era muito mais forte do que eu, e assim ele se atirou no lago. “Pedro! Tu não sabes nadar! Volte!” eu implorava. Ele nem parecia me dar atenção. E com um sorriso nos lábios, Pedro afundara no lago. A Lua nascia no horizonte quando me dei por conta. Levantei-me e parti. Mas não fui direto para casa. Tinha uma parada, antes. E então, só depois poderia ir para casa. Para a minha verdadeira casa. Cheguei à beira de um penhasco, o qual eu sempre visitava depois da morte de Pedro. “Espere-me, Pedro. Logo estarei chegando em casa. Na verdadeira casa. Nossa casa. Ao teu lado.” E com um último suspiro, atirei-me ao encontro do meu único amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui...