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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Adormecer para te encontrar

"Everybody knows that I'm rightfully yours (...)
Love ain't gonna let you down - Jamie Cullum" 


Inquieta, ela balançava compulsivamente o pé. Todos os seus fantasmas tiraram o dia para lhe assombrar. Afinal, não podia ter sido pior. Um dia chuvoso, e as pessoas pareciam ficar mais grosseiras e insuportáveis nesta situação. Claro que a Valerie não seria exceção. Seu humor estava terrível, suas palavras afiadas. “Nem ao menos um ‘bom dia’ mereço?” “Bom dia, Daniel. Como tens passado?” “Meu dia melhora quando te vejo, e quando tu me dás atenção. Hahaha” “Palhaço. Agora, se me deres licença, preciso voltar ao trabalho.” Daniel fora um antigo namorado. O mais apaixonado que tivera. O que sofrera ao perder. Mas o passado ficara para trás, deveria seguir em frente. Havia quem dissesse que Valerie ignorava-o por ser fria, não ter sentimentos verdadeiros. Mas se soubessem da verdade… O dia demorava a passar, ela se ocupava pensando na vida. Mas não podia se permitir pensar demais. “Valerie, minha bela Valerie…” “Que susto tu me deste, Daniel! Estás maluco?” Daniel gargalhava melodicamente. “Não tens quem mais atormentar, querido?” “É uma prova de amor. Queres prova maior?” Daniel sempre foi debochado, talvez tenha sido este aspecto que tanto fascinou a Valerie. Havia muitas outras características de sua personalidade forte que a encantava. Valerie conseguia lidar com a sua presença normalmente. Era um sinal de que estava, aos poucos, enlouquecendo. “Morreria por ti, sabia?” “Não digas isso, Daniel.” Por entre beijos, ele suplicava: “prometa nunca me abandonar”. “Nem nos teus piores dias, nem nas tuas piores crises, nunca.” ela prometia. Eles sempre formaram um casal bonito. Antes de amantes, eram amigos. Confidentes. Daniel dera, no primeiro dia de primavera, uma notícia devastadora a Valerie: fora diagnosticado com câncer. Valerie paralisou, não sabia como reagir. Valerie esteve sempre ao lado de Daniel durante o tratamento. Vira seu rosto, aos poucos, empalidecer e seus cabelos começarem a cair. Já não conhecia mais aquele Daniel. Um rosto triste, enfraquecido. “Deves me amar menos, eu imagino.” “Imaginas besteira. Amo-te ainda mais.” “Se quiseres me deixar, faça, eu entendo.” “Cale esta tua boca, Daniel! Prometi estar aqui nos teus piores dias, lembra?” E assim discutiam cada dia, mas não se desentendiam. Valerie via-o desfalecer, desmoronar, e se culpava por nada poder fazer. A situação de Daniel piorava cada vez mais. “Sinto-me bem, apesar dos exames não concordarem comigo. Hahaha. Sinto-me bem por te ter ao meu lado e saiba que, mesmo que eu venha a morrer, eu te amo demais.” “Não diga mais nada. Não fale em morte. Tu vais superar essa dificuldade, vou te ajudar com isso!” Valerie replicava. “Sabe, há uma coisa de engraçada nesta história…” Daniel forçava um sorriso, mas seus lábios pálidos não colaboravam. “Diga-me, então”. “Sinto-me ainda mais apaixonado por ti. Me conquistas pelo o que tu tens feito. E agora vou morrer. Mas vou morrer de amor. Tu és minha Julieta.” “Descanse um pouco, agora. Temos ainda vários dias pela frente. Durma bem, meu Romeu.” E com um beijo, Valerie partiu. Na manhã seguinte, ela ficara sabendo que Daniel havia falecido. Valerie já não sabia mais como prosseguir, estava presa à terrível realidade. A realidade de que não tinha mais o Daniel. Estava sozinha. No entanto, não estava sozinha. Ele prometera encontrá-la em seus sonhos. Assim, toda noite Valerie o encontrava ao adormecer.

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