Ele andava de um lado a outro. Animado, agitado, não saberia dizer como estava. Estava inquieto, parecia sentir cócegas no estômago, era uma sensação gostosa. O sorriso não saía do seu rosto, de orelha a orelha. Há tempos não se sentia assim. Era a emoção de um novo amor. A remota ideia lhe causava arrepios de prazer. Sentia-se feliz ao falar com ela, ao pensar nela. Passava horas pensando no seu sorriso, em seus lábios carnudos que se curvavam exibindo seus dentes perfeitamente alinhados, realçando ainda mais sua beleza. Sua beleza não estava nas curvas do seu corpo, nem na malícia do seu olhar, mas estava na sua simplicidade, no seu carisma. Ela tinha um jeito cativante de ser. Seu sorriso, de uma suavidade incrível, fazia qualquer um se apaixonar. Seu olhar, de tamanha intensidade, intimidava a todos. Poucos conseguiam conquistá-la. Era uma mulher difícil, mas de atitude e personalidade. Não se contentava com pouco, queria sempre mais. Foi essa sede de superação que lhe chamou a atenção. Uma líder nata, tudo o que desejara. E no entanto, lá estava ele, no anonimato. Teria a coragem de se pronunciar diante sua grandeza? Decidiu, então, que estava pronto para encará-la, afinal, se assim não o fizesse, morreria por amor. Sentiu-se nas nuvens quando a desejada aceitara seu pedido. Na verdade, estava mesmo nas nuvens. Deveria ter suspeitado, por trás de um sorriso, pelo seu olhar, há sempre um lado negro. E o dela estivera há tempos sendo reprimido. “Coitado de quem a escolher”, uma vez ouviu alguém dizer. Ignorando todos os avisos, entregou-se, de corpo e alma. E, antes mesmo de subir aos céus, lembrou-se do que, uma vez, sua amada dissera: “Quando for demais, desconfie. Há sempre um preço por esse algo a mais”. Foi tolo ao ignorar suas suspeitas, e realmente, havia um preço por detrás disso tudo. Agora ele sabia.
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